O que faz a gente gostar de
um esporte específico? Seja ele, futebol, automobilismo, bocha ou capoeira? Vem
no sangue? Passa de geração em geração ou você se encanta num amor a primeira
vista? Isto até pode ser tema de uma tese de psicologia, mas o que importa para
quem ama alguma coisa é a satisfação do tempo gasto praticando ou apreciando a prática do seu vício.
O Grande
Prêmio da Hungria nos fez lembrar como é prazeroso a velocidade dos carros, o
cheiro de gasolina e borracha queimada no asfalto. A ultima etapa da formula um
antes das férias do verão europeu foi feita sob encomenda antes da parada de 4
semanas que se inicia.
Que corrida fantástica, que emoção nas quase duas horas
de pé embaixo em Hungaroring, entre chuva, Safety Cars, batidas, rodada do Vettel, choros on the radio e desculpas de sempre.
O grande prêmio da Hungria de 2014, é em minha
memória a segunda melhor corrida realizada em hungaroring. A Hungria, que foi palco
da primeira vitória do Alonso, do Button, do Hill, do acidente do Massa em 2009
e da apertada no muro entre Schumacher e Barrichello em 2010. Mesmo assim, perde para 1986
onde a maior ultrapassagem de todos os tempos da formula 1 foi realizada. Aos que não lembram ou não viram segue o video e tenham guardanapos em mãos, caso babem.
A ultrapassagem é um
detalhe que não tira o brilho do que de fantástico aconteceu domingo passado.
O
podium mostrou bem o quanto a corrida foi maravilhosa. Dois dos três gênios em
atividade estavam no podium fazendo companhia ao vencedor, que deu o segundo passo para
se firmar como um ídolo da categoria.
Hamilton chegou em terceiro,
mas não foi um terceiro lugar qualquer,
alias, é o segundo terceiro lugar vindo lá de trás. Ao todo, na Alemanha e na
Hungria, Hamilton fez nada mais nada menos que 50 ultrapassagens. Se os
recordistas da temporada são Riccardo e Bottas, já está na
hora de as calculadoras começarem a funcionar, pois, o piloto Inglês vem com todo seu talento, garra e postura, faminto pelo seu segundo título mundial.
Na Hungria, mais uma vez
Hamilton mostrou o porquê foi campeão do mundo e garoto prodígio da Mclaren.
Ousaram em uma ordem pelo rádio para que ele deixasse seu companheiro Nico Rosberg
passar livremente sem esforço. Hamilton não só ignorou, como na ultima volta
mostrou bem que pra passar não é só pedir licença. A zebra foi o limite pro Nico. No blog da TSN tem um texto de
2012 falando sobre essa coisa de ordem de equipe, “Separando
homens dos meninos” onde já falavmos sobre o perfil dos pilotos da Mercedes. Enquanto um chora no rádio, outro brilha na
pista.
Fernando Alonso. O que falar
desse mago das pistas. Ainda não o comparo com os maiores, mas Alonso faz a
diferencia. Tirando leite de pedra, o príncipe das Astúrias vai fazendo das
suas e marcando seu nome na história. Dêem uma carroça com 340 jegues contra um
carro com 600 cavalos e o espanhol sempre estará na briga. O segundo lugar com
gosto de vitória só veio a abrilhantar sua carreira e deixar seus opositores,
aqueles que acham que ele só ganha no patrocínio e no contrato assinado a ter
dores de cotovelo.
E por fim a grande surpresa
2014, o moleque de sorriso largo e nariz que não cabe no capacete, fez mais uma
gracinha. A primeira, venceu no Canadá, a segunda, de deixar qualquer um
incrédulo, está fazendo o tetra campeão Vettel comer poeira. A terceira, já
cravou a segunda vitória no ano. Com seu jeito boa gente, seu sorriso aberto e
seu pé direito pesado, o rapaz da terra dos cangurus vai longe, muito longe.
A corrida que fechou a
primeira etapa do campeonato deixou o até breve da categoria com gosto de volta
logo. A próxima etapa na Bélgica chegará com várias expectativas e perguntas a
serem respondidas. Como será a postura da Mercedes na briga entre seus pilotos?
Hamilton e Rosberg ainda farão cena de bons amigos? Riccardo e a Red Bull irão aprontar
como Prost e a McLaren em 1986? Respostas que só na segunda etapa da temporada
teremos.
Por fim, este que vos
escreve se despede provisoriamente ou permanentemente do Blog da TSN. Outra vez
um ciclo se fecha. Neste segundo período de dois anos, dois meses e sete dias muitas
coisas foram escritas e algumas deram corpo em outros campos. Chegou a hora de uma nova etapa, de um novo projeto.
A nuvem será o cartório.
Por:
Ávilas Rocha